O que derrubou o avião da TAM
De Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de S. Paulo:
"Os pilotos Kleyber Lima e Henrique Di Sacco sabiam o que fazer com um reverso travado, tanto que pousaram sem problemas naquele mesmo dia 17 de julho em Porto Alegre. Teriam desaprendido poucas horas depois, a ponto de colocar um manete em aceleração e outro em reverso? Improvável. Ou teriam esquecido que um estava travado? As falas na cabine mostram que não.
Se eles lembravam e sabiam o que fazer, como se pode cravar falha humana? Ou só falha humana? Desconfia-se também de defeito de projeto do Airbus-A320 e de falha de manutenção da TAM, que, somados, teriam induzido os pilotos a erro, como disse à Folha o brigadeiro J. Carlos Pereira (ex-Infraero) -o primeiro, aliás, a admitir problemas no reverso.
E o chefe do Cenipa (o centro de investigações de acidentes aeronáuticos), o também brigadeiro Jorge Kersul Filho, já tinha criticado "o fabricante" na Folha por não ter tomado providências reais depois de acidentes anteriores. Uma "guerra dos grandes", definiu. O Airbus já protagonizou acidentes em outros países na condição de reverso travado. E o Airbus específico de Lima e de Di Sacco, além de defeito no reverso, teve antes problemas no trem de pouso, aquecimento anormal, puxou para um lado num pouso. Mas... continuou voando até explodir no choque com o prédio da própria companhia.
Se houve falha humana, pode ter sido também dos que projetaram o avião, dos que não o reavaliaram com os acidentes, dos que permitiram que voasse apesar de tantos "gritos" mecânicos e dos que insistiram em pousar, mesmo assim, com um passageiro a mais e tanque cheio, em pista molhada e curta. Além da falha do responsável pela fiscalização -o Estado.
A diferença é que a maioria deles tem meios poderosíssimos para se defender. Mas quem morre cala, e quem cala consente."
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