Daniel Piza escreveu:
Estive dois dias em Fortaleza, dando curso de Jornalismo Cultural, e fiquei impressionado com o desenvolvimento da cidade. A frase "Fortaleza está crescendo muito, e os problemas também" me foi dita algumas vezes. Alguns bairros, como o Cocó, se transformaram em cinco anos, passando por um boom de prédios que ainda não cessou. Shoppings e universidades particulares - como a Faculdade Sete de Setembro, que me convidou - também surgiram nesse espaço de tempo. Na orla há apartamentos que custam sete dígitos, obras de investidores portugueses, em destaque, e muitos são alugados por turistas também portugueses, além de italianos, alemães e outros europeus.
Esses mesmos estrangeiros vemos nas praias, em conversa com moças locais - algumas menores. Um professor descreveu da seguinte forma: "O sujeito é, digamos, um operário da Fiat que vem para cá num vôo de apenas 6 horas e meia e encontra aqui o exotismo que procura, a preços muito baratos para ele." A Grande Fortaleza se aproxima dos 3 milhões de habitantes, ao passo que o Ceará não chega a ter 8 milhões ao todo; ou seja, o interior não dá conta de reter as pessoas, que ampliam a periferia metropolitana. Há problemas ambientais - a praia principal é imprópria para banho, em muitos terrenos vemos sujeira acumulada, etc. - e, mais sério ainda, a criminalidade aumentou 10% do ano anterior para este, segundo o jornal O Povo.
Na manhã de folga fui à Praia do Futuro, com todas as características que admiramos em praias nordestinas: extensa faixa de areia fofa acompanhada por coqueiros em fila e banhada por um mar verde e uma brisa bem-vinda. A construção civil não avança para lá porque a salinidade da água é tão alta - me dizem que só perde para a do Mar Morto - que os eletrodomésticos dentro dos apartamentos não duram mais que um ano.
A comida é ótima, a começar pelas frutas e pelo queijo coalho. Os jantares foram no Sirigaddo e no Colher de Pau. (Sirigado, que o restaurante usa com "dd", é um peixe branco, macio e saboroso, da família do badejo, que servem na brasa com legumes.) Não dá para deixar de pensar, enfim, em como é preciso organizar e trabalhar para que tantos atrativos não justifiquem tantos descasos.
É por aí mesmo Piza!
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