terça-feira, julho 08, 2008

A familia brasileira de cara nova

Por Phydia de Athayde

Crianças mais longe da desnutrição, mães mais próximas dos serviços básicos de saúde. O que há algumas décadas podia parecer fantasia é um retrato do Brasil atual. Um país onde as mulheres têm menos filhos, usam mais anticoncepcionais e fazem mais exames pré-natal. O mesmo onde há mais mulheres acima do peso, a vida sexual começa mais cedo e há mais adolescentes grávidas.

Enquanto se afasta de antigas mazelas, o Brasil vê despontar novos problemas de saúde pública. Os avanços e retrocessos estão na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da mulher e da Criança (PNDS) de 2006, divulgada na quinta-feira 3. Com informações sobre a vida de 15 mil mulheres em idade fértil e 5 mil crianças de até 5 anos, o levantamento é um amplo diagnóstico da saúde materno-infantil brasileira. A edição anterior ocorreu em 1996. De lá para cá, o Brasil mudou muito.

O avanço das políticas de proteção social está ligado a conquistas como a redução de 50% da desnutrição e a queda de 44% na taxa de mortalidade infantil (de 39 para 22 por mil nascidos vivos). Esta, embora confirme uma tendência, é louvável e deve-se a melhorias no saneamento básico, na imunização contra o sarampo, no uso do soro caseiro (em caso de diarréia) e a menos mortes por infecções e doenças parasitárias.

“A queda na mortalidade infantil é um indicador não apenas de acesso, mas de bem-estar social, e está associada à redução quase total da desnutrição infantil grave. Porém, o índice se distribui de maneira muito desigual”, diz Cláudio Leone, professor do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP. Nos estados do Nordeste, há 35 óbitos a cada mil nascidos vivos. No Sul do Brasil, são 17.

Neste quesito, o País se aproxima do cumprimento de uma das Metas do Milênio (diretrizes estipuladas pela Organização Mundial da Saúde): reduzir e chegar a apenas 15 óbitos por mil nascidos vivos até 2015. No entender do diretor do Departamento de Ações Estratégicas do Ministério da Saúde, Adson França, há chance de alcançar o objetivo já em 2012, três anos antes. Para tanto, o Brasil terá de manter ou melhorar o acesso aos serviços de saúde. Ainda assim, à medida que a mortalidade infantil se reduz, é mais difícil de ser eliminada. “É quando começam a pesar os fatores não apenas sociais”, prevê Leone, referindo-se a problemas estritamente médicos, como doenças genéticas ou de difícil detecção.

A queda na mortalidade das crianças pode ser explicada por outras informações também presentes na pesquisa. Uma é o fato de a mulher brasileira ter menos filhos do que há dez anos. A quantidade média de crianças por mulher baixou de 2,5 para 1,8, nível perto do observado em países mais desenvolvidos. Para ter menos filhos, as mulheres se previnem mais. O uso de algum método contraceptivo aumentou de 73% para 87% das pesquisadas (a pílula anticoncepcional era usada por 16% das mulheres e hoje, por 22%).


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