segunda-feira, abril 19, 2010

LEITURA IMPERDÍVEL




Isolamento tecnológico

Por Felipe Marra Mendonça, Revista Capital

O oficial do exército colombiano Pablo Emilio Moncayo foi libertado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 30 de março depois de 12 anos de cativeiro. Moncayo foi sequestrado em dezembro de 1997, aos 19 anos, quando participava de um ataque a uma base das Farc. Pouco depois de seu sequestro a Microsoft lançaria o Windows- 98, a Apple iniciaria sua retomada com o primeiro iMac e o Google seria fundado.


O avanço da tecnologia foi um dos aspectos que mais impressionaram Moncayo depois de sua libertação, tanto que declarou aos presentes que as pessoas “não sabem o quão assombroso é voltar à civilização”. Segundo um interessantíssimo artigo publicado pelo diário espanhol El Mundo (http://www.elmundo.es/america/2010/03/31/colombia/1270054939.html), uma das primeiras coisas a surpreender Moncayo estava nas mãos da senadora colombiana Piedad Córdoba.

Era o BlackBerry que ela usava para- atua-lizar sua conta do Twitter (http://twitter.com/Piedadcordoba) e dar notícias do processo de libertação. Segundo o relato feito pelos pilotos brasileiros do helicóptero que o levou para a liberdade, Moncayo perguntou para que servia aquele aparelho. A senadora explicou que era um celular que também fazia fotos e acessava internet. Logo depois mostrou uma imagem de uma irmã de Moncayo, de 5 anos, que havia nascido quando ele estava em cativeiro.

O oficial segurou o BlackBerry por alguns momentos, apertou algumas teclas, mas logo o devolveu a Córdoba por ter receio de quebrar alguma coisa. Depois de encontrar sua família, passou alguns momentos olhando pelas janelas do carro que o levava pelas ruas da capital, Bogotá, e ficou maravilhado pelos letreiros eletrônicos que trocavam os caracteres rapidamente. Durante exame médico, surpreendeu-se ao saber da gripe H1N1 e, enquanto as enfermeiras tiravam amostras de sangue, fez seu primeiro contato com o iPod quando sua irmã o fez ouvir algumas mensagens de apoio que recebeu durante seus 12 anos de prisioneiro das Farc.


É como se Moncayo tivesse ficado num estado de suspensão tecnológica por -todo esse tempo e agora, livre, parece ávido para conhecer tudo o que aconteceu. Contemplar as tecnologias disponíveis hoje em dia pelos seus olhos faz com que qualquer um fique agradecido pelo fato de poder ver um ente querido ao vivo em outro continente ou tirar o telefone celular do bolso e localizar o restaurante chinês mais próximo num mapa colorido.

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