segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Por que Hillary vai perder


Por que Hillary vai perder

Dick Morris, estrategista eleitoral

Hillary Clinton desperdiçou uma chance quase certa de conseguir a indicação de candidata a Presidente pelo partido Democrata.

É uma fantasia pensar que as primárias de Texas e Ohio serão um “firewall” para conter as chamas de entusiasmo por Obama, e que reverterão suas derrotas de Fevereiro.

Assim como o suposto firewall de Giuliani na Florida, o de Hillary desabará enquanto o ímpeto de Obama o carrega adiante para a indicação.

Antes que Hillary perdesse sua primeira primária ou caucus, ela perdeu o diálogo com a campanha de Obama vis-à-vis a decisão completamente equivocada de focar sua mensagem em experiência, cedendo o terreno da mudança ao seu oponente.

Quanto mais ela tentava enfatizar a inexperiência de Obama, mais ela parecia se isolar dentro do status quo. Que era o status quo prévio dos anos Clinton, não o status quo do governo Bush, fez cada vez menos diferença no decorrer da campanha.

Ela disputou com uma mensagem perfeita para uma primária republicana – experiência – e entregou a chave para se ganhar uma primária democrata – a mensagem da mudança – a Obama.

Sua decisão de depender de contribuições da comissão de interesses especiais para ação política, e de contribuições lobistas, e de forrar seu baú de guerra com cheques de doadores abastados, deu substância ao contraste status quo vs. mudança feito por Obama.

Sendo seu estrategista chefe um lobista, e seu principal time de campanha todos da área, ela estava coberta de associações que aleijaram sua capacidade de lutar por mudança.

Obama se tornou a atração na disputa, enquanto Hillary declamava sua lista de propostas com uma monotonia mortal.

Ela poderia ter empreendido uma campanha nas bases, na Internet, entre pequenos doadores, enfatizando mudança baseada no fato de ser a primeira mulher concorrendo à presidência com boa chance de vitória.

O carisma poderia ter sido seu, assim como o entusiasmo e a novidade. Mas ao abraçar experiência e se retratar como segura e testada, ela abafou o entusiasmo que sua candidatura poderia ter gerado.

Ela conseguiu um alento ao ganhar em Nova York/Nova Jersey e na Califórnia/ Arizona principalmente com a força dos votos de imigrantes e latinos. Sua concentração em cinco estados chave (75 por cento vivem na Califórnia, Nova York, Illinois, Flórida e Texas) deu a ela um empate na Super Terça.

Mas votos demais vieram de hispânicos que temem negros e de brancos mais idosos que têm sentimentos raciais residuais. As tentativas forçosas dela e de Bill de polarizar a eleição racialmente morreram em uma avalanche de votos de estados brancos como Utah, Idaho, Colorado, Kansas, Dakota do Norte e outros.

Com a eleição partindo da Super Terça para o centro do país, onde existem poucos hispânicos ou novos imigrantes, a campanha de Hillary tem perdido ímpeto e perspectivas de vitória.

As conquistas de Obama em Maine, Nebraska, Louisiana e no estado de Washington, e suas prováveis vitórias na Virginia, Washington D.C. e Maryland, mostram o quão completo é seu domínio em estados sem imigrantes cegados pelo nome Clinton.

As esperanças de vitória de Hillary em Wisconsin, Ohio, Pennsylvânia, Indiana e Carolina do Norte são uma fantasia. A população latina naqueles estados é muito abaixo de 10 por cento e não o bastante para levá-la à vitória.

Os super delegados não serão suficientes para reverter as vitórias de Obama nas primárias e caucus, e querendo abrigo correrão para se juntarem à turma de Obama.

Além de perder a batalha da retórica, Hillary terá muito menos dinheiro que Obama. Sua preparação para uma guerra curta amparada por doadores abastados e políticos da velha guarda foi desastrosamente de pouca visão, enquanto Obama sabiamente cultivou contribuintes online que podem regenerar com o clic do mouse.

Quando Barack Obama passou na frente de Al Gore e mergulhou na disputa eleitoral enquanto o ex-vice presidente ainda estava decidindo o que fazer, parecia que Hillary praticamente já havia conseguido a indicação.

Enquanto Al Gore poderia ter vencido a Sra. Clinton, parecia pouco provável que um senador com dois anos de serviço poderia fazê-lo.

Mas os erros e as más decisões estratégicas da campanha de Clinton deram a Obama uma abertura que ele explorou com sabedoria. É o carisma de Obama que está ganhando essa eleição, mas foram os erros de Clinton que abriram a porta.

Dick Morris é ex-conselheiro do senador Trent Lott e do ex-presidente Bill Clinton. Texto originalmente publicado nos sites http://www.dickmorris.com e thehill.com(http://thehill.com/dick-morris/) no dia 12/02/2008.


Fonte: Noblat

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