quarta-feira, dezembro 17, 2008

A voz da geração Y



De SANDRO VAIA. Revista Piauí.
O passado e o cotidiano de Yoani Sánchez, blogueira cubana que é considerada pela Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo




Yoani Sánchez planta manjericão, coentro e alecrim em pequenos vasos, no terracinho de seu apartamento no 14º andar de um prédio modesto na rua Factor, em Havana, onde vive com o marido Reinaldo e o filho Teo. É seu único capricho de dona-de-casa. Para chegar ao apartamento de 60 metros quadrados, que fica no último andar do prédio, aperta-se o botão número 12 de um velho, cansado e apertado elevador soviético. Marca-se o 12, o elevador inexplicavelmente pára no 13, sobe-se um lance de escada, e chega-se ao apartamento de Yoani.


Ali, frágil e miúda, a filóloga cubana de 32 anos, com o cabelo preso displicentemente em rabo-de-cavalo, mostra com uma ponta de auto-ironia o “cantinho do ego”, onde estão documentados, discretamente, os motivos de sua inesperada fama mundial: o xerox da página da revista Time que a mostra como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo, e a reprodução do prêmio Ortega y Gasset de jornalismo digital que lhe foi concedido pela Prisa, casa editorial espanhola que é dona, entre outros empreendimentos, do jornal El País.


Em pouco mais de um ano, seu blog, Generación Y, virou um fenômeno. Com 170 posts, ele granjeou 170 mil comentários de leitores espalhados pelo mundo. Há casos de um único post ter recebido mais de 6 mil comentários. Foi barulho o bastante para irritar o semi-aposentado Fidel Castro, que chamou o Ortega y Gasset de “um dos tantos prêmios que o imperialismo concede para os que levam água para seu moinho” e acusou a editora espanhola de “neocolonial”.


No prédio da rua Factor, que precisaria de uma demão de tinta e vidraças novas no saguão de entrada, do tempo de Brejnev sobraram dois elevadores, mas um precisou ser canibalizado para que o outro continuasse funcionando.


(Notícia nova no Generación Y: chegaram dois elevadores novos. Eles terminariam os vinte anos de remendos e a prática forçada do esporte de subir e descer 232 degraus todo dia, às vezes com uma bicicleta nas costas. Os novos elevadores não levam a carga depreciativa da pesada e obsoleta tecnologia soviética. São simplesmente russos.)


O seu marido Reinaldo, de 61 anos, que é jornalista, mas foi expurgado da profissão em 1988 quando trabalhava no Juventud Rebelde (seus artigos “não se ajustavam à linha editorial do jornal”), virou mecânico de elevadores, e assim ganhou a vida durante muitos anos.


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