terça-feira, janeiro 15, 2008

Febre Amarela: a coisa tá preocupante!

Imperdível a leitura dessa matéria, de autoria do infectologista Vicente Amato Neto, publicada no caderno Ciência e Saúde do Ultimo Segundo:


Erradicada desde 1942, a febre amarela urbana não tem riscos de se espalhar, nem com o aumento das chuvas. A febre amarela que existe ainda é a silvestre. Os mosquitos vivem na mata e fazem seus ciclos com os macacos”, afirma Boulos.

Para o infectologista Vicente Amato Neto, a situação é “preocupante” e um surto urbano seria “um problema muito grave na saúde pública do Brasil”. “Não é possível eliminar o mosquito em área silvestre e acabar com os macacos. Deve haver mais rigor quanto à vacinação, além de uma orientação mais rigorosa. Ninguém pode negar que um dia possa acontecer um surto urbano. Qualquer pessoa sabe que se um doente infectado com febre amarela for para uma área onde tem o Aedes Aegypti, ele pode disseminar a doença. Qualquer pessoa de bom senso sabe isso”, afirma Vicente Amato Neto.

Para evitar qualquer tipo de surto, Vicente Amato Neto defende que o local de internação de uma pessoa infectada com febre amarela deve ser totalmente isolado.

Segundo Marcos Boulos, “não está acontecendo nem mais nem menos febre amarela que em outras épocas”. “O que acontece é que houve uma divulgação e isso gerou polêmica”, analisa.

Para que se tenha um surto urbano é preciso um número maior de casos e, mais que isso, é preciso que os casos que chegam aos centros urbanos estejam no início da doença. “A pessoa contaminada só tem o vírus no sangue, que é como transmite pro mosquito Aedes Aegypti, até o segundo ou até o quarto dia da doença, quando o paciente nem sabe ainda que está com febre amarela”, explica Boulos.

A vacinação em massa é totalmente condenada pelo infectologista. “Só precisa vacinar quem vai para zona de mata, onde tem muito macaco. Crianças que vivem em zonas endêmicas devem ter a vacina renovada a cada dez anos. As demais pessoas não, só se forem viajar”, alerta o infectologista.

Apesar de ter uma visão diferente sobre a possibilidade de um surto urbano, Vicente Amato Neto também condena a vacinação em massa. “Uma coisa que acho que precisamos fazer é pedir pro Ministério da Saúde orientar sobre quem deve ser vacinado e quando deve se vacinar. Na imensa maioria das vezes, não há necessidade de vacinação. A pessoa que mora em São Paulo e não vai para uma região de risco, não tem cabimento procurar a vacinação. Essas pessoas devem estar temendo a febre amarela urbana. Mas isso é uma hipótese e uma especulação”, explica.

O aumento da produção de vacinas, de 15 milhões de doses para 30 milhões por ano, se deve, segundo o médico Marcos Boulos, exatamente ao número de pessoas que está tomando a vacina de forma desnecessária. “As pessoas não devem se assustar. Isso acontece todos os anos”, avisa.

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