sexta-feira, fevereiro 27, 2009
Um sobrevivente da chacina do MST conta sua versão
Extraído do Blog do Jamildo:
Da editoria de Cidades/JC
SÃO JOAQUIM DO MONTE – O delegado desta cidade, no Agreste pernambucano, ouviu, ontem, o único sobrevivente da chacina que deixou quatro seguranças mortos num confronto com sem-terra, no último sábado, na Fazenda Jaboticaba. Durante o depoimento de quase três horas, Donizete de Oliveira Souza, 24 anos, que estava com as vítimas, mas conseguiu fugir, contou que no momento apenas dois seguranças estavam armados. Segundo ele, depois de matar dois homens à queima-roupa, os sem-terra perseguiram e mataram outros dois integrantes do grupo.
“O depoimento foi frutífero. Donizete está ajudando a desvendar o crime e apontar os verdadeiros atiradores. Segundo ele, dois dos seguranças foram mortos à queima-roupa, no momento em que ele estava presente. Os dois últimos já foram mortos a uma certa distância, foram perseguidos”, disse o delegado Luciano Francisco Soares.
De acordo com o delegado, o sobrevivente não viu toda a cena do crime, porque também correu para se proteger. Para Luciano Francisco, os seguranças deviam acreditar que os sem-terra estivessem desarmados. “Segundo a testemunha, houve discussão com Aluciano, líder do movimento. E um dos seguranças tentou agredi-lo. Chegou a puxá-lo pela camisa e, nesse instante, foi surpreendido pelos sem-terra, armados e já partindo para o confronto.”
Conforme o depoimento de Donizete, as armas que estavam com os dois seguranças teriam sido pegas pelos acampados. O delegado já solicitou mandados de busca e apreensão para tentar localizá-las. Ele também vai solicitar garantias de segurança para Donizete. Para o promotor agrário, Edson José Guerra, o depoimento do sobrevivente é elucidativo. “É coerente com o de outra testemunha.”
A polícia trabalha com a hipótese de que quatro pessoas participaram da chacina e no momento realiza diligências em busca de dois envolvidos. Um deles teria sido ferido. Dois acusados, Aluciano dos Santos, 31, e Paulo Alves Cursino, 62, estão na Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru, no Agreste.
Morreram na primeira investida João Arnaldo da Silva, 40, o líder do grupo, e Rafael Erasmo da Silva, 20. De acordo com a testemunha, José Wedson da Silva, 20, e Wagner Luis da Silva, 25, foram perseguidos e executados. O confronto ocorreu depois que os seguranças tentaram recuperar fotos tiradas pelos sem-terra, nas quais apareciam armados.
REVOLTA
A dor e o sofrimento das famílias dos quatro seguranças mortos está nos rostos dos parentes. Segundo eles, os homens foram vítimas de uma emboscada armada por sem-terra. Maria de Lourdes Araújo de Oliveira, 48, sogra de João Arnaldo, acha que o genro foi atraído para o local. “Ele era um homem bom e feliz no casamento. Armaram uma arapuca para eles”, disse.
Segundo ela, o genro teria recebido uma ligação dos sem-terra para que fossem buscar as fotos. “Foi uma execução mesmo. Eles foram atrás de dois seguranças em uma moto. Soube que mandaram eles deitar e atiraram. Não podemos deixar o nome de Arnaldo sujo”, completou a cunhada, Luzinete Joaquina da Silva.
O delegado Antônio Carlos Câmara, gestor da Polícia Civil no Agreste, negou que tenha havido telefonema. “O sobrevivente afirmou que a ideia de ir buscar as fotos foi de João Arnaldo.
Quando eles chegaram lá houve o confronto”, detalhou.
Está mais do que claro que uma reforma agrária de verdade deve ser posta em prática. Além disso, deve ser proposta uma mudança urgente no Estatuto da Terra.
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