Deir Debwan, uma aldeia a um par de quilômetros de Ramallah, tem 15 mil habitantes, mil deles brasileiros. No dia 23 de dezembro de 2005, a Palestina realizou suas primeiras eleições municipais democráticas. Em Deir Debwan, 27 candidatos disputaram a prefeitura. Venceu Adib Yusef Abdel Haq, com 850 votos. Haq é brasileiro. Talvez seja o único prefeito do mundo que, aos olhos da lei, é tido como clandestino.
É um homem de 60 anos, de estatura média, forte, de rosto bonito e cabelos grisalhos penteados para trás. Veste calça e paletó de risca de giz, sem gravata. Sua voz é firme, e ele não a desperdiça com conversa miúda. Fala um português fluente, com sotaque carregado. Fuma compulsivamente. Suas frases são entrecortadas por ataques de tosse. Estudou jornalismo e artes gráficas em Belém (a de Jesus, não a de Jader Barbalho) e aos 21 anos empregou-se num jornal de Jerusalém que advogava a causa palestina.
O Brasil aparecia com freqüência nas páginas do Palestine News, não só por causa do futebol, mas também por sua grande comunidade árabe. Haq deduziu que o país oferecia futuro e segurança. Emigrou, e viveu aqui 35 anos. Como todos os que deixaram regiões conflagradas e conseguiram prosperar em países que os acolheram bem (e com comida farta), guarda do Brasil a imagem de uma terra abençoada: “O Brasil é um paraíso, recebe bem, sem preconceito racial ou religioso. Lá a minha parte brasileira foi se tornando maior”, diz. “Lá eu tinha amigos judeus. Aqui eu não tenho convivência com eles.”
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Fonte: Revista Piauí
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