quarta-feira, dezembro 26, 2007

Greve de sede

Peguei essa maravilha no Sobretudo:



Francisco Rubens Lemos nasceu em Mangabeira, distrito de Lavras da Mangabeira, interior do Ceará. Trabalha no Banco Central há mais de 15 anos, é casado com a D’Jesus e pai da Nara, Naiana e Ígor. Ele adora cantorias e nas horas vagas faz poesias, como essa abaixo, em que dá um puxão de orelhas bem dado no bispo de Barra (BA), dom Cappio (foto), aquele que fez uma greve de fome contra a transposição do rio São Francisco. O título do poema é Greve de sede. Espia só:

Bispo Cappio esse seu nome
É de família estrangeira
Se fosse aqui do Nordeste
Seria Silva ou Pereira
Sousa, Romão Nascimento
Honorato ou Oliveira
E a sua fome Doutor
Ia ser mais verdadeira
Não seria essa fominha
Passada de brincadeira
E sim como a nossa fome
Que marca a família inteira
Se você quiser comer
Chama a sua cozinheira
E manda ela preparar
A comida de primeira
Mas nós aqui seu Vigário
Sem água na cantareira
A nossa greve é de sede
Mais cruel e matadeira
Tome meu conselho humilde
Desça pela cachoeira
Vá onde o Rio deságua
Veja lá a aguaceira
Caindo dentro do mar
De terça a segunda-feira
Que faria tanto bem
A toda nossa ribeira
Depois saia da Cidade
Venha aqui na capoeira
Onde morre bicho e gente
Tragados pela fogueira
E há séculos vive assim
Na sequidão cangaceira
Venha escutar por aqui
Como é grande a choradeira
De quem pra conseguir água
Enfrenta qualquer ladeira
Todo mau do velho Chico
Vem da sua ribanceira
Das Cidades poluídas
Que jogam a sua sujeira
Matando a vida do Rio
Desde a sua cabeceira
Água pra transposição
Para o Rio é uma asneira
É menos de três por cento
Não vai lhe causar canseira
Por isto caro Pastor
Abandone essa fileira
Vá cuidar do seu rebanho
E esqueça essa besteira.


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