quinta-feira, janeiro 15, 2009

O coração partido de Rami, o israelense


Por Giorgio Bernardelli

“Depois de lutar na guerra do Yom Kippur e de ter perdido alguns de meus amigos mais caros, eu decidi: de ora em diante vou me ocupar apenas da minha vida. Mas, em 4 de setembro de 1997, dois atentados suicidas palestinos estouraram improvisamente a bolha de sabão em que eu me escondia. Na explosão, morreu minha filha de catorze anos, Madah”. Quem fala é Rami Elhanam, um gráfico israelense de 54 anos. Já vimos a cena nos noticiários: ambulâncias, a corrida desesperada de um hospital a outro, e a confirmação da terrível notícia que, de improviso, rasga a sua carne.

“Voltei para casa – continua Rami – e vivi sete dias de luto durante os quais muitas pessoas vieram prestar solidariedade. Mas, no oitavo dia, fiquei sozinho. Devia decidir que coisa faria com essa dor terrível que trazia dentro; por onde deveria ir.

E havia apenas duas estradas: a primeira é a mais óbvia e natural, é a estrada do ódio, da vingança. Porque, quando matam sua filha de catorze anos, você fica de fato explodindo de raiva. Mas somos pessoas, não animais, e então podemos também assumir um novo modo de pensar.
Matar outra pessoa vai me trazer de volta a minha menininha? Daria paz para minha dor? Com esforço, comecei a descobrir outra estrada. Aquela que me fez perguntar: por que acontecem estas coisas terríveis e, o mais importante ainda, o que posso fazer pessoalmente para que não aconteça a mais ninguém, o que aconteceu comigo?” Para Rami, o estímulo nasceu no encontro com o Parent‘s Circle, o fórum das famílias feridas, nascido por iniciativa de Yitzhak Frankenthal, outro pai que, em 1994, havia perdido no conflito o próprio filho Arik, raptado e morto com 19 anos pelos homens do Hamas.


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