Vergonha, muita vergonha do Brasil
Perdemos o direito de nos chocar com países que mutilam mulheres por motivos religiosos ou cortam a mão de bandidos condenados. O Brasil está igual a esses buracos macabros do mundo, graças à terrível história da menina de 15 anos de Abaetetuba, nos cafundós do Pará, trancafiada numa cadeia com 20 homens, durante um mês. Ela tinha sido detida por furto, mas pagou pena que não existe nem na ficção mais terrível: foi estuprada toda hora, todos os dias. Tudo porque, brasileiramente, não havia carceragem feminina no presídio. Simples assim.
Culpados pelo martírio? Ora, não há. O superintendente da Polícia Civil na cidade, Fernando Cunha, defendeu-se, dizendo sem vergonha nem constrangimento, que não sabia que a menina era menor de idade. "Se ela tivesse dito", acrescentou o servidor público, "o procedimento seria outro". Não foi - e a garota teve de se submeter a toda sorte de abuso sexual em troca de comida, e para não ser morta.
A declaração do inacreditável meganha desperta uma dúvida: e se fosse uma jovem maior de idade? Aí, tudo bem? Ela seria trancada com os homens e abandonada à própria sorte? Outra: onde está a governadora Ana Júlia Carepa, mulher como a menina martirizada, que até agora não teve a decência de se desculpar com a vítima?
E a Secretaria de Segurança do estado, claro, abriu rigorosa sindicância para apurar o caso. Não sei o que você aí acha, mas, pra mim, "rigorosa sindicância" é a tradução mais brasileira para "pizza".
Tem hora que desanima.
E é porque quem mandou prender a garota é mulher. É uma delegada!!!
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