“Suplantaram o Ribeiro!”
“O quê? O Ribeiro fez o quê?”
“Não! Suplantaram o Ribeiro! Você não sabia?”
“Não! Não sabia! Mas quando foi isto? Como foi isto? O Ribeiro parecia ser uma pessoa tão direita...”
“E continua sendo. Ele é a vítima. Ele foi suplantado lá na repartição, ontem mesmo! Mal chegou do cafezinho, pronto: suplantaram o coitado do Ribeiro!”
“Escuta, mas o Ribeiro de quem você fala é aquele que comeu cocô quando era menino?”
“Este mesmo! Você com certeza lembra dele. Ele é aquele homão de cor indiana, casado com a Rita de Cássia, que alguns dizem que é a maior safada da paróquia”.
“E o Ribeiro é chifrudo?”
“Olha, particularmente, acredito que sim. Veja bem, a mulher outro dia estava lá no bar do Osvaldão num assanhamento de cobrir o rosto das atitudes. E isto ainda era pela manhã!”
“Mas qual o problema do horário?”
“Amigo, mulher que fica dando mole para outros machos em plena luz do dia não tem um pingo de caráter. Sem contar que bebia. Bebia! Está escutando?”
“Pena do Ribeiro... Ele não merecia tanto...”
“Meu caro, a vida é tinhosa! Por isso defendo o pensamento de que é na criancice que a pessoa decide seu trajeto. Veja, o Ribeiro comeu cocô menino e, depois de sei lá quanto tempo, continua sendo o preferido das chacotas. Bem, mas não é todo dia que se encontra alguém que já provou merda, né?”
“É verdade... Não é todo dia... Qual linha você vai pegar?”
“Não, vou ficar por aqui mesmo. Estava de passagem quando o avistei nesta parada. E tem mais! Dizem que o pai do Ribeiro dava uns cacetes na mulher. Onde já se viu homem bater em mulher?”
“O Ribeiro teve uma infância muito complicada... Como vai sua senhora?”
“É como digo: é na infância! É na infância! É na infância!”
“Mas...”
“Nem queria colocar o motor para pegar, mas dizem as péssimas línguas, pois somente más é pouco, e o povo gosta de falar muito, que, de tanto presenciar a mãe apanhando sem nada fazer, acabou ficando meio maricas. Mas como não há meio anão nem meio qualquer coisa, digo que o Ribeiro é maricas!”
“Exagero, colega...”
“Não! É maricas, sim!”
“Mas ele não é casado?”
“Vai lá saber o gosto dessa patota. A Rita de Cássia, no entanto, é vagabunda e vive nas esquinas do centro dando pra um e pra outro. E de manhã, meu caro, é fogo!”
“Ainda não entendi esta parte do horário. De qualquer modo, o Ribeiro não teve sorte na vida. Talvez você tenha razão. Deve ter sido durante a infância”.
“Batata!”
“Mas, independente de tudo, é desumano sair suplantando as pessoas, principalmente um sofredor como o Ribeiro”.
“Estamos falando de um sujeito que comeu cocô, amigo! O mundo tem suas deficiências, mas não é injusto! Um cara que comeu cocô! Sei não!”
“O quê? O Ribeiro fez o quê?”
“Não! Suplantaram o Ribeiro! Você não sabia?”
“Não! Não sabia! Mas quando foi isto? Como foi isto? O Ribeiro parecia ser uma pessoa tão direita...”
“E continua sendo. Ele é a vítima. Ele foi suplantado lá na repartição, ontem mesmo! Mal chegou do cafezinho, pronto: suplantaram o coitado do Ribeiro!”
“Escuta, mas o Ribeiro de quem você fala é aquele que comeu cocô quando era menino?”
“Este mesmo! Você com certeza lembra dele. Ele é aquele homão de cor indiana, casado com a Rita de Cássia, que alguns dizem que é a maior safada da paróquia”.
“E o Ribeiro é chifrudo?”
“Olha, particularmente, acredito que sim. Veja bem, a mulher outro dia estava lá no bar do Osvaldão num assanhamento de cobrir o rosto das atitudes. E isto ainda era pela manhã!”
“Mas qual o problema do horário?”
“Amigo, mulher que fica dando mole para outros machos em plena luz do dia não tem um pingo de caráter. Sem contar que bebia. Bebia! Está escutando?”
“Pena do Ribeiro... Ele não merecia tanto...”
“Meu caro, a vida é tinhosa! Por isso defendo o pensamento de que é na criancice que a pessoa decide seu trajeto. Veja, o Ribeiro comeu cocô menino e, depois de sei lá quanto tempo, continua sendo o preferido das chacotas. Bem, mas não é todo dia que se encontra alguém que já provou merda, né?”
“É verdade... Não é todo dia... Qual linha você vai pegar?”
“Não, vou ficar por aqui mesmo. Estava de passagem quando o avistei nesta parada. E tem mais! Dizem que o pai do Ribeiro dava uns cacetes na mulher. Onde já se viu homem bater em mulher?”
“O Ribeiro teve uma infância muito complicada... Como vai sua senhora?”
“É como digo: é na infância! É na infância! É na infância!”
“Mas...”
“Nem queria colocar o motor para pegar, mas dizem as péssimas línguas, pois somente más é pouco, e o povo gosta de falar muito, que, de tanto presenciar a mãe apanhando sem nada fazer, acabou ficando meio maricas. Mas como não há meio anão nem meio qualquer coisa, digo que o Ribeiro é maricas!”
“Exagero, colega...”
“Não! É maricas, sim!”
“Mas ele não é casado?”
“Vai lá saber o gosto dessa patota. A Rita de Cássia, no entanto, é vagabunda e vive nas esquinas do centro dando pra um e pra outro. E de manhã, meu caro, é fogo!”
“Ainda não entendi esta parte do horário. De qualquer modo, o Ribeiro não teve sorte na vida. Talvez você tenha razão. Deve ter sido durante a infância”.
“Batata!”
“Mas, independente de tudo, é desumano sair suplantando as pessoas, principalmente um sofredor como o Ribeiro”.
“Estamos falando de um sujeito que comeu cocô, amigo! O mundo tem suas deficiências, mas não é injusto! Um cara que comeu cocô! Sei não!”
Mendes Júnior.
* Photo by Josep Maria Sellarès, "Tasting".
Um comentário:
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