Por anos e anos tenho escrito que o problema do governo Lula é o problema do Brasil desde sempre: ao contrário do que pregaram a vida toda, os petistas e seus aliados tratam o poder como casa da mãe Joana, a máquina pública como subterrâneo de favores e desvios, os cargos como capitanias hereditárias para espoliar. Não têm um projeto de país, não olham além do horizonte de seus próprios interesses. Cumprem direitinho a descrição de Sérgio Buarque da supremacia dos laços pessoais sobre os critérios técnicos. De Waldomiro e Delúbio a Paulinho e Dilma, passando por Dirceu e Palocci, do irmão do presidente pedindo "Dá dois paus pra eu?" ao filho do presidente vendo a empresa dar um salto de riqueza, para não falar de Duda Mendonça e tantos mais, a sensação não pode ser outra senão a de que temos um governo em que muitas das verbas públicas vão parar em contas privadas, cuecas e valises por aí.
Roberto Teixeira, compadre de Lula, pode até dizer que faturou legalmente como advogado no processo de venda da VarigLog. Mas o que ele nunca vai conseguir demonstrar é que não foi favorecido por seu compadrio. Tampouco pode explicar o sumiço de contratos, a origem dos investidores e, principalmente, por que disse na primeira vez que tinha ganhado centenas e não milhões de dólares pelo "trabalho", como revelou este jornal no domingo. Não há negócio no Brasil que passe por instâncias públicas sem ser manchado por fraudes e propinas? Pois o governo Lula perpetua e acentua essa velha tradição que antes dizia combater, o que só provoca uma letargia ainda maior - a vitória do cinismo do "todo mundo rouba" e do "rouba mas faz" em todas as classes sociais.
No momento em que gestões de FHC e Lula ficam tão parecidas eticamente com as dos Malufs, não há estabilidade monetária (com os maiores juros do mundo) ou crescimento do PIB (insustentável acima de 5%) que compensem a falência dos parâmetros. Não me importa que haja corrupção em toda parte. O que me importa é que ela seja tão grande e tão culturalmente justificada no Brasil.
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