terça-feira, junho 10, 2008

Lá também tem disso!

O Departamento de Estado norte-americano divulgou, na semana passada, o seu relatório anual sobre o tráfico de pessoas, em que classifica os países de acordo com o tratamento que dão ao problema. No grupo melhor colocado (Tier 1), países do centro mundial, com alto IDH, mas também Geórgia (ex-república soviética e origem de muitas das prostitutas que trabalham de forma forçada na Europa Ocidental) e Colômbia (que usa trabalho escravo na agricultura e não possui um programa eficaz de combate ao problema). Estes dois exemplos mostram como nada escapa às necessidades da política externa dos EUA de salvarem seus amigos.

O relatório tem suas qualidade, é claro. Exagera e erra, mas também acerta ao apontar o que acontece em diversos países. Colocaram a gente em um grupo intermediário (Tier 2), mesma classificação do ano passado. No texto sobre o Brasil, o de sempre, com um pouco mais de atenção ao trabalho escravo na cadeia do etanol. Meses atrás, em um artigo, eu já tinha calculado a quantidade de escravos libertados na cana, dados que foram usados depois por outros veículos de comunicação e, talvez, pelo próprio relatório. Mais da metade dos que ganharam a liberdade estavam nesse setor. Apesar disso, fiz um alerta – mas pouca gente prestou atenção, talvez porque não era conveniente: os 3131 libertados na cana estavam em apenas nove fazendas. Isso acontece porque a cultura demanda mão-de-obra intensiva. Sem desconsiderar a situação deplorável, bizarra e cruel com que são tratados os bóias-frias da cana, o trabalho escravo é mais “endêmico”, por assim dizer, na cabeça dos criadores de gado de regiões de fronteira agrícola. Apesar do número de libertados ter sido menor, dezenas de fazendas de gado foram alvo de libertação no ano passado, com as situações mais deploráveis possíveis em comparação com fazendas de qualquer outro produto.


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